sábado, 9 de abril de 2011

Verão



    No capinzal o meu cabelo cresce;
    Pende, polpa madura, o lábio teu no fruto;
    Todo o calor te diz: "Amadurece
    Mais, ainda mais e tomba!"
    Eu não espero
    Vento nenhum que te derrube, eu quero
    Que tombes, doce e morna, por ti mesma, onde
    Mais sejas desejada e apetecida... Vem!
    Faremos
    Da verdura acre
    E doce polpa
    Manjar que as reses lamberão
    E virão farejar os animais noturnos

    Antes que nos sorva, lentamente, o chão...

    Mario Quintana (Antologia Poética, p 91)








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