domingo, 26 de dezembro de 2010

O vento e eu

                         
    O vento morria de tédio
    Porque apenas gostava de cantar
    Mas não tinha letra alguma para a sua própria voz,
    Cada vez mais vazia...
    Tentei então compor-lhe uma canção
    Tão comprida como a minha vida
    E com aventuras espantosas que eu inventava de súbito,
    Como aquela em que menino eu fui roubado pelos ciganos
    E fiquei vagando sem pátria, sem família, sem nada neste vasto mundo...
    Mas o vento, por  isso
    Me julga agora como ele...
    E me dedica um amor solidário, profundo!

    Mario Quintana (Velório sem defunto, p 91)

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