domingo, 19 de dezembro de 2010

Explicação parcial

                                                                    
     No outro dia  escrevi  que já  tinha  passado da idade de  ler coisas sérias.  Vocês vão achar engraçadíssimo, mas aos quinze anos devorei  literalmente  Dostoiévski  e  roí com avidez canina  não sei  quantas ossadas metafísicas. Éramos assim, os da minha geração. A  gente  queria  apenas  decifrar  o  mistério da alma,  o sentido da vida, a finalidade do mundo.
     No fim, só me restou a poesia, outro enigma.
     É  que  pensei  comigo  então,  passada  aquela  enorme azia  transcendental,  se tão formidáveis  problemas,  não os  decifrou  Platão,  nem Aristóteles,  nem outros de igual tamanho...  muito menos eu, ou tu, ambicioso leitor.

Mario Quintana (Caderno H, p 291)

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