No outro dia escrevi que já tinha passado da idade de ler coisas sérias. Vocês vão achar engraçadíssimo, mas aos quinze anos devorei literalmente Dostoiévski e roí com avidez canina não sei quantas ossadas metafísicas. Éramos assim, os da minha geração. A gente queria apenas decifrar o mistério da alma, o sentido da vida, a finalidade do mundo.
No fim, só me restou a poesia, outro enigma.
É que pensei comigo então, passada aquela enorme azia transcendental, se tão formidáveis problemas, não os decifrou Platão, nem Aristóteles, nem outros de igual tamanho... muito menos eu, ou tu, ambicioso leitor.
Mario Quintana (Caderno H, p 291)
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