sábado, 5 de fevereiro de 2011

Carvalhos e margaridas




     Há poetas, há certos poemas radioativos. São os que, sem querer, vem operando as transmutações, as mutações humanas. Não eram cogumelos súbitos. Agitava-os o vento shakesperiano de todas as paixões, de todos os cuidados. Não sei se ficamos melhores ou piores: ficamos mais profundos. Mas há, neste mundo, os que sofrem a vertigem das profundezas ou das alturas. Para esses, inclinam-se à beira da estrada umas florinhas silvestres que sempre estão se oferecendo: colhe-me, colhe-nos! E os poetas da planície fazem buquês com elas! Alguns até belíssimos, mas sem perigo algum. Pudera! Eram flores de retórica.

Mario Quintana (Porta giratória, p 32)








Imagem: www.deviantart.com

3 comentários:

  1. Que bela postagem, Mario Quintana muito se orgulharia do teu blog, amiga.bjs

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  2. Só de pensar que isso seria verdade, meu coração se alegra. Talvez me sinta mais próxima dele, que tanto me entende, que fala por mim, que profundamente me toca. Por tamanha e absurda sintonia, sinto os olhos dele sobre mim a cada poema publicado... olhos daqueles que, sem dizer uma só palavra, por si só refletem aquela que portas e janelas abre... um gosto feliz de tudo que traduz "SIM". :)

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  3. Mas bah! Quintana é td de bom! Teu blog tah lindo, uma delícia de ler! Amo Mário Quintana desde pequena! Beijos guria! ;)

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