São Jorge, o cavalo, o dragão... eu sempre fui, já não digo um devoto, mas um fã dos três. São Jorge, eu soube, foi cassado. É verdade que andava metido em tudo o que era religião... Mas que culpa tinha ele de ser bonito e ecumênico? Porém, ao passo que São Jorge era dessantificado, ressucitava-se o Diabo, retirando-o do domínio do folclore a que o relegara o povo. Mas e o dragão? O dragão não representava o mal, isto é, o Diabo? Alega-se que São Jorge nunca existiu. Ora, naquela imagem que, de tanto a vermos desde a infância, fazia parte da nossa sensibilidade, o dragão era também uma figura simbólica. Porém existe... Naquela bela imagem, pois, resta-nos agora o cavalo e o dragão. Luta desigual. Foi-se o cavaleiro andante do Bem.
O que nos faz lembrar aquele Outro cavaleiro andante, Dom Quixote - outro símbolo. Que nunca existiu, é claro. Mas como vive!
Mario Quintana (A vaca e o hipogrifo, p 40)
Imagem: www.deviantart.com
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