quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A verdade da ficção



                                                                                           
     São Jorge, o cavalo, o dragão... eu sempre fui, já não digo um devoto, mas um fã dos três. São Jorge, eu soube, foi cassado. É verdade que andava metido em tudo o que era religião... Mas que culpa tinha ele de ser bonito e ecumênico? Porém, ao passo que São Jorge era dessantificado, ressucitava-se o Diabo, retirando-o do domínio do folclore a que o relegara o povo. Mas e o dragão? O dragão não representava o mal, isto é, o Diabo? Alega-se que São Jorge nunca existiu. Ora, naquela imagem que, de tanto a vermos desde a infância, fazia parte da nossa sensibilidade, o dragão era também uma figura simbólica. Porém existe... Naquela bela imagem, pois, resta-nos agora o cavalo e o dragão. Luta desigual. Foi-se o cavaleiro andante do Bem.
     E como que nos ficou faltando um estímulo, um exemplo, uma esperança.
     O que  nos faz lembrar aquele Outro cavaleiro andante,  Dom Quixote - outro símbolo. Que nunca existiu, é claro. Mas como vive!

Mario Quintana (A vaca e o hipogrifo, p 40)








Imagem: www.deviantart.com

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