O palavrão é a mais espontânea forma de poesia. Brota no fundo d'alma e maravilhosamente ritmada. Se isto indigna o leitor e ele solta sem querer uma daquelas, veja o belo verso que lhe saiu, com as características do próprio: ritmo e emoção - sem o que, meu caro senhor, não há poesia. Escute, não perca discussão de rua, especialmente entre comadres italianas, e se verá então em plena poesia dramática de empalidecer de inveja o maravilhoso e refinado Racine, mas não o bárbaro Shakespeare, igualmente maravilhoso, embora destrambelhado de boca.
Por isso é que não nos toca a poesia feita a frio, de fora para dentro, mas a que nos surge do coração como um grito, seja de amor, de dor, de ódio, espanto ou encantamento.
Mario Quintana (A vaca e o hipogrifo, p 144)
Lu, só mesmo Quintana para encontrar o ouro onde a gente menos espera encontrar.bjs
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