terça-feira, 13 de setembro de 2011

Da primeira vez...



     Da primeira vez em que me assassinaram
     Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
     Depois, de cada vez que me mataram,
     Foram levando qualquer coisa minha...

     E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
     O mais desnudo, o que não tem mais nada...
     Arde um toco de vela, amarelada...
     Como o único bem que me ficou!

     Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
     Ah! desta mão, avaramente adunca,
     Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!

     Aves da Noite! Asas do Horror! Voejai!
     Que a luz, trêmula e triste como um ai,
     A luz de um morto não se apaga nunca!

     Mario Quintana (Antologia Poética, p 19)








Imagem: www.weheartit.com

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