Há noites em que não posso dormir de remorsos por tudo o que deixei de cometer.
Mario Quintana (Caderno H, p 335)
Citando Carlos Drummond de Andrade...
Estrambote melancólico
Tenho saudade de mim mesmo, sau-
dade sob aparência de remorso,
de tanto que não fui, a sós, a esmo,
e de minha ausência em meu redor.
Tenho horror, tenho pena de mim mesmo
e tenho muitos outros sentimentos
violentos. Mas se esquivam no inventário,
e meu amor é triste como é vário,
e sendo vário é um só. Tenho carinho
e sendo vário é um só. Tenho carinho
por toda perda minha na corrente
que de mortos a vivos me carreia
e a mortos restitui o que era deles
mas em mim se guardava. A estrela-d'alva
penetra longamente seu espinho
(e cinco espinhos são) na minha mão.
Citando Fabio Rocha...
Tudo pelos ares
Somos anjos perdidos.
Asas mortas no chão
desde a primeira audição
da palavra impossível.
Fonte: A Magia da Poesia
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