A memória é um sótão atravancado de objetos inúteis, onde tanto desejaríamos encontrar aquelas coisas perdidas que - de tão perdidas - já nem sabemos mais.
O que sejam...
Mario Quintana (Caderno H, p 240)
Citando Lu Tostes...
Sempre-vivas
O livro acolheu
o jardim que se foi,
nesta flor de um amarelo seco,
quase marrom,
que guarda na página vinte e três
o sorriso de Maria detrás da porta.
Sempre nos soubemos mais nós,
com o tempo da delicadeza,
no mesmo instante
em que o caule partido
em que o caule partido
esvaiu-se em seiva.
E se do que fomos
nós já não somos mais,
resta apenas
esse cheiro
na ponta dos dedos,esse cheiro
lembrando tudo que jaz.
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