Será do tempo? Será do quê? Os meus sapatos rincham, os meus sapatos cantam de alegria. E eu vou andando e aguardando cá de cima - que o seu oculto motivo chegue afinal até meu coração.
Mario Quintana (Caderno H, p 276)
Citando Cecília Meireles...
Transformação do dançarino
Nasce da sombra o dançarino,
de um ovo de seda e mistério.
E seu perfil é transparente
e sua carne é a de um inseto.
E eu o amo como às borboletas,
à asa das libélulas, e erro
no seu mundo sem solo, reino
que se vai tornando sidéreo.
Suas tênues mãos nada tocam,
e olha entre verdes águas, cego.
Cada posição de seu corpo
é um símbolo instantâneo e hermético.
Toma nos lábios o silêncio
e é um peixe bebendo o mar, quieto.
Gira e, súbito se divide,
como espelho que cai de um prego.
(Poesias Completas de Cecília Meireles, Volume II. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973. p 172)
de um ovo de seda e mistério.
E seu perfil é transparente
e sua carne é a de um inseto.
E eu o amo como às borboletas,
à asa das libélulas, e erro
no seu mundo sem solo, reino
que se vai tornando sidéreo.
Suas tênues mãos nada tocam,
e olha entre verdes águas, cego.
Cada posição de seu corpo
é um símbolo instantâneo e hermético.
Toma nos lábios o silêncio
e é um peixe bebendo o mar, quieto.
Gira e, súbito se divide,
como espelho que cai de um prego.
(Poesias Completas de Cecília Meireles, Volume II. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973. p 172)
Imagem: www.weheartit.com
Parabéns pelo blog.
ResponderExcluirUma belíssima homenagem ao maior poeta do Brasil (que me perdoem Manuel Bandeira, Drummond e outros poetas: são pequenos perto do Quintana)
Fico feliz...
ExcluirOs pés rincham e a poesia chega até o coração... :)