domingo, 15 de janeiro de 2012

O último poema



     Enquanto me davam a extrema-unção,
     Eu estava distraído...
     Ah, essa mania incorrigível de estar pensando sempre noutra coisa!
     Aliás, tudo é sempre outra coisa
     - segredo da poesia -
     E, quando a voz do padre zumbia como um bezouro,
     Eu pensava era nos meus primeiros sapatos
     Que continuam andando, que continuam andando,
     Até hoje
     Pelos caminhos deste mundo.

     Mario Quintana (Preparativos de viagem, p 127)


       Imagem: www.weheartit.com

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