domingo, 25 de março de 2012

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     Tu te abres como uma flor...
     E
     depois
     o nosso olhar é límpido como as águas de um regato...
     E distanciadamente falamos do nosso mundo com todos os seus inclusives:
     conflagrações, boatos, ataques, surpresas, compromissos...
     E todas essas coisas são poemas a nossos ouvidos.

     Mario Quintana (Baú de espantos, p 58)





  Citando Cecília Meireles... 


  Surpresa
  
   TRAGO os cabelos crespos de vento
   e o cheiro das rosas nos meus vestidos.
   O céu instala no meu pensamento
   Os seus altos azuis estremecidos.


   Águas borbulhantes, árvores tranquilas
   vão adormentando meus tempos chorados.
   E a tarde oferece às minhas pupilas
   nuvens de flores por todos os lados.


   Ó verdes sombras, claridades verdes,
   que esmeraldas sensíveis hei nutrido,
   para sobre o meu coração verterdes
   mirra de primaveras e de olvidos?


   Ó céus, ó terra que de tal maneira
   ardente e amarga tenho atravessado,
   por que agora pensais com tão fino cuidado
   vossa mansa, calada, ferida prisioneira?


(Cecília Meireles - Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1973. p 95)







Imagem: www.weheartit.com

domingo, 4 de março de 2012

Quando eu me for



   Quando eu me for, os caminhos continuarão andando...
   E os meus sapatos também!
   Porque os quartos, as casas que habitamos,
   Todas, todas as coisas que foram nossas na vida
   Possuem igualmente os seus fantasmas próprios,
   Para alucinarem as nossas noites de insônia!

   Mario Quintana (Velório sem defunto, p 99)




Citando Heráclito de Éfeso... 

  "Para os que entram nos mesmos rios, outras e outras são as águas que correm por eles." 
   





Citando Lu Tostes... 


A fluidez do tempo...

        Se o tempo transforma e desfaz tantos laços, também nos entrega a sensata constatação de que não vale a pena lutar pelo que cumpriu lindamente seu papel e ficou no passado.
    Já não somos os mesmos de segundos atrás e não há por que perpetuar tudo aquilo que segue... e que se isenta de culpas, porque é da natureza da vida o eterno movimento.
     Natural dos belos laços é a saudade, onde nos reencontramos no melhor do que vivemos... e que já não existe mais. Porque se foi um daqueles cor de rosa, bem de menina, eu ficava mais bonita com ele por perto. 
     Hoje apenas sigo na fluidez do tempo... de um modo incompleto, com uma lembrança feliz e um sorriso um pouco mais triste.

Fonte: www.fasesdaluha.blogspot.com










Imagem: www.weheartit.com